Back All ShortiesShorties

Ready to Come About: Prologue

Pronta Para Mudar De Rumo: Prólogo

(Personal note from Joel): Sue Williams and her husband David are long-time Practice Portuguese members. After I read Sue’s sailing memoir about their adventures and hardships while crossing the ocean from Canada to Portugal (and beyond… then back home again!), I enjoyed it so much that we requested permission from Sue and her publisher to adapt this excerpt into Portuguese to share with our members. We think you’ll really enjoy it, and highly recommend reading the entire book, (whether you think you’re into sailing or not!) A big “obrigado” to Sue and the kind folks at the Dundurn press for allowing us to share this excerpt, and to Eliana for her wonderful performance.

(This is not an affiliation or monetary partnership of any kind. I just loved the book and wanted to introduce it to our audience.)

Original book, in English: Sue Williams, Ready to Come About, (Dundurn Press Limited, 2019) by permission of Dundurn Press Limited and the Author.

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  • 00:00:03Está escuro como a meia-noite.
  • 00:00:05Somos uma mera mancha que se atira a mares com vinte pés, no vasto Oceano Atlântico Norte.
  • 00:00:10Duzentas milhas náuticas a norte fica Newfoundland, o ponto da civilização mais próximo.
  • 00:00:16Os ventos gritam através do cordame.
  • 00:00:18Ouve-se um embate feroz contra o casco.
  • 00:00:21David põe a cabeça de fora da escada para investigar,
  • 00:00:24enquanto as correntes de espuma de sal voam horizontalmente através do convés -
  • 00:00:29encharcando-o, mais uma vez.
  • 00:00:31Fico abrigada debaixo do convés, na cama improvisada de almofadas, dispostas na base da cabine,
  • 00:00:37com os cobertores enfiados debaixo do meu queixo.
  • 00:00:41O meu corpo prepara-se para a próxima onda,
  • 00:00:43que eu sei em breve baterá contra as paredes de fibra de vidro do nosso pequeno veleiro, Inia.
  • 00:00:49Sinto o cheiro do sal.
  • 00:00:51Procuro sinais de infiltração de água nas extremidades das tábuas do chão,
  • 00:00:56enquanto a luz da bomba de porão se acende, apaga, e acende novamente.
  • 00:01:01Vomito no balde ao meu lado.
  • 00:01:02Três dias depois de sair das margens da Península Gaspé,
  • 00:01:06a Inia está de rastos e nós estamos a sair de um vendaval completo, apenas eu e o meu marido.
  • 00:01:13Este era o sonho do David, não o meu. Longe disso.
  • 00:01:17Eu amava a família e os amigos, o nosso cão, a nossa casa, o meu trabalho como terapeuta ocupacional.
  • 00:01:24Appliqué era a minha ideia de emoção.
  • 00:01:27Nenhuma parte do meu corpo procurava aventura.
  • 00:01:30A véspera de Natal de 2005 mudou tudo.
  • 00:01:33Enquanto fazia compras de última hora,
  • 00:01:36o David teve uma crise convulsiva de tal forma violenta
  • 00:01:40que a sua coluna vertebral fraturou em dois pontos
  • 00:01:43e os cortes na cabeça precisaram de levar catorze pontos para fechar.
  • 00:01:48O médico disse que as causas prováveis eram o stress e a privação de sono.
  • 00:01:52E isso fazia sentido.
  • 00:01:53Durante os anos anteriores, ele tinha-se preocupado sem parar com os nossos três filhos.
  • 00:01:59E eu também.
  • 00:02:00Enquanto caminhavam para a idade adulta,
  • 00:02:02nós pusemos em causa os seus estilos de vida, preocupámo-nos com os seus planos,
  • 00:02:07perguntámo-nos se alguma vez seriam capazes de seguir o seu próprio caminho,
  • 00:02:11temíamos que eles nunca encontrassem o seu lugar neste mundo -
  • 00:02:15tudo isto enquanto o David estava sobrecarregado no trabalho.
  • 00:02:18Em retrospetiva, algo tinha que ceder.
  • 00:02:21Podia ter sido pior; ele podia ter ficado incapacitado devido a um derrame cerebral
  • 00:02:26ou até ter morrido de ataque cardíaco.
  • 00:02:29Ele recuperou totalmente.
  • 00:02:31O ataque foi um aviso pelo qual ficámos gratos.
  • 00:02:34Quando o David regressou ao escritório, as cicatrizes ainda recentes,
  • 00:02:39participou numa reunião pré-combinada que ele pensou ser para, finalmente,
  • 00:02:43abordar a sua carga de trabalho impossível.
  • 00:02:46Em vez disso, foi despedido.
  • 00:02:48"Reestruturação", foi o que o CEO lhe chamou.
  • 00:02:52No início, fiquei imobilizada com a notícia, o sentimento de traição, a dor.
  • 00:02:58Com o tempo, porém, percebi que isto também era uma bênção disfarçada.
  • 00:03:02"Se queres atravessar um oceano, esta é a tua oportunidade", disse eu.
  • 00:03:06As sobrancelhas de David levantaram-se.
  • 00:03:09"E liberdade é o que os rapazes precisam agora, tempo e espaço para descobrirem as coisas por si próprios.
  • 00:03:15Por isso eu também vou", disse eu, apanhando-me até a mim de surpresa.
  • 00:03:2021 de maio de 2007, o David e eu, ambos na casa dos cinquenta,
  • 00:03:25sem experiência real de navegação em alto-mar ou noturna,
  • 00:03:30saímos das linhas das docas do porto de Hamilton, o ponto mais ocidental do Lago Ontário,
  • 00:03:36e dirigimo-nos para leste.
  • 00:03:38Destino: o Oceano Atlântico.
  • 00:03:40Isso foi há seis semanas.
  • 00:03:42Agora, com apenas mil milhas feitas e faltando, potencialmente, mais dez mil,
  • 00:03:48o David está preocupado com os danos causados pela tempestade,
  • 00:03:52e eu estou com frio, enjoada e com medo.
  • 00:03:56Rezo por um indulto.
  • 00:03:57Anseio por terra firme.
  • 00:04:00E não posso deixar de me perguntar, "No que raio estava eu a pensar?"
 

Question 1 of 9

Em que oceano se encontram a Sue e o seu marido David?

Question 2 of 9

Qual é o ponto de civilização mais próximo?

Question 3 of 9

A Sue está abrigada onde?

Question 4 of 9

Como se chama o veleiro?

Question 5 of 9

Qual era o trabalho da Sue?

Question 6 of 9

Quantos pontos precisou o David de levar na cabeça?

Question 7 of 9

O que aconteceu quando o David regressou ao trabalho?

Question 8 of 9

Em que mês é que o casal iniciou a viagem de veleiro?

Question 9 of 9

Como se sente a Sue?

AbrigadaSheltered Alto-marHigh seas o ataque cardíacoheart attack atravessarto cross a aventuraadventure O baldeBucket a bênçãoblessing Carga de trabalhoWorkload CascoHull cederto give in, yield, compromise, cede o cheirosmell a cicatrizscar Coluna vertebralSpine ConvésDeck CordameRigging Crise convulsivaSeizure, convulsive crisis os danosdamage, damages Derrame cerebralStroke despedidofired sing.,masc. DisfarçadaDisguised DocasDocks EmbateClash encharcarto soak, drench EnjoadaSick, queasy, nauseated EspumaFoam Fibra de vidroFiberglass IncapacitadoDisabled IndultoReprieve, pardon, indult o lagolake Lesteeast ManchaSpot, patch, blotch, mark MargensBanks, shores, margins o medofear MilhasMiles a navegaçãonavigation OceanoOcean OcidentalWestern ondawave o portoport, harbour, dock PorémHowever, yet, though Privação de sonoSleep deprivation sobrecarregadooverloaded, overwhelmed a tempestadestorm Traiçãobetrayal VeleiroSailboat
Sem pararNon-stop No que raio estava eu a pensar?What the hell was I thinking?
Salgueiro Maia
A Revolução Liberal
O Cromo do Escritório
No Jogo Do Francisquinho
A Permacultura é Sustentável
Frango da Sarjeta
A Serra da Estrela
A Boa Esperança
O Dia da Vacina
O Mosteiro da Batalha

Comments

  • Obrigado por esta boa história que me lembrou uma frase de Fernando Pessoa:

    Ó mar salgado, quanto do teu sal
    São lágrimas de Portugal!
    …..

  • Será uma boa ideia dedicar um shortie ao Fernando Pessoa? É um poeta tão intrigante e tão tipicamente português.

  • Thank you, a goodie and a flavour of ‘real’ portuguese about something that wasn’t just there to develop your comprehension, it had that indefinable quality of soul.

  • A voz do narrador tem um som muito poético. Foi uma alegria ouvi-la. Para mim, ela é um pouco mais difícil de compreender do que Rui, o que é bom para me empurrar a pagar mais atenção.

    • Unfortunately, no. At least not yet! We’ve requested permission from Sue and her publisher to adapt this excerpt into European Portuguese to share with our members. That’s all there is in Portuguese from Sue William’s book for now. 🙂

  • I’m confused about the dependent clause “apanhando-me até a mim de surpresa” at 03:15.
    The original clause “surprising even myself” consisted of only three words. Why did it become so lengthy in the portuguese translation?
    There must be some grammar structure in this clause that I’m not aware of? Could you explain it in details?

    • The Portuguese wording would more directly translate to English as “catching [apanhando] even [até] me [a mim] by [de] surprise [surpresa]” 🙂

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